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domingo, 25 de março de 2012

Belo Monte: O dinheiro não tem ouvidos

Os fatos registrados na última semana no Pará mostram claramente, com som e imagem, quem manda neste país: a oligarquia agrária, os grandes fazendeiros, as empresas estrangeiras que se apropriam a cada dia das terras brasileiras. Conforme relatórios da Comissão Pastoral da Terra, hoje, menos de 50 mil proprietários rurais possuem áreas superiores a mil hectares. E são estes os responsáveis pela produção do alimento e pela geração de emprego no campo. São as propriedades com menos de 100 hectares as que produzem 47% da comida que nos mantém vivos e empregam cerca de 40% da mão-de-obra.

Por outro lado, apenas 1% dos proprietários rurais detém em torno de 46% de todas as terras. Não bastasse essa ínfima minoria tomar conta de quase tudo, dos aproximadamente 400 milhões de hectares que aparecem como propriedade privada, apenas 60 milhões de hectares são usados para plantar comida. O restante das terras está ocioso ou subutilizado. O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) aponta um dado significativo: existem 100 milhões de hectares de terras ociosas e cerca de 4,8 milhões de famílias sem terra no Brasil. As grandes propriedades, com mais de 10 mil hectares, aparecem nos relatórios como as que participam de apenas 4% da produção de alimento e 4,2% de absorção de mão-de-obra.

A pergunta que fica batendo então é: como pode um pequeno grupo, que sequer planta comida ou emprega gente, ter tanto apoio governamental? Ora, a resposta é simples: eles têm grana e mantêm as casas legislativas sob seu comando. No blog “Os donos da terra”, dirigido pelo jornalista Alceu Castilhos, pode-se encontrar muitos desses exemplos. Seja na Câmara de Deputados, seja nos legislativos estaduais, a bancada ruralista é puro poder. Quem duvida, veja a votação do código florestal. 420 x 68. Goleada! Isso prova por A + B que o processo eleitoral no Brasil não tem qualquer relação com a democracia. O que vale é a força do dinheiro. E ponto final.

Totem de destruição

Outra coisa importante que a votação do código mostrou é o quanto as vozes das gentes, o tal do povo que os deputados falam tanto quando pedem voto, não são levadas em consideração para nada. Durante anos, as propostas do novo código florestal foram rebatidas, pessoas se mobilizaram, gritaram, fizeram protestos, especialistas ditaram os males que viriam, pitonisas previam desgraças e nada foi capaz de barrar a vitória dos grandes latifundiários.

Agora, no Brasil, uma nova queda de braço se faz entre a maioria e a minoria endinheirada. O mesmo velho e odioso massacre do capital contra a maioria das gentes. É a construção da usina de Belo Monte. Quantos relatórios já foram formulados? Quantas análises? Quantos gritos de clamor e desespero já ecoaram na beira dos rios, nas florestas? Mas o dinheiro é surdo. Não há como ouvir. O lucro de uns poucos (o 1%) vale mais do que a vida de milhares de pessoas que vivem do rio e da floresta. A usina segue em frente, devastando a floresta, alagando as terras, desalojando as famílias. Que farão? Para onde irão? Ninguém se importa. É o preço do progresso. Alguém tem de fazer algum sacrifício. Mas esse “alguém”, é claro, nunca são os ricos.

Num tempo em que as tecnologias alternativas de energia já são realidades concretas, o Brasil insiste na mesma matriz das usinas gigantes. Elas geram muita energia, é certo. Mas a que custo? O lago de Belo Monte inundará mais de 500 quilômetros quadrados de terra. Destruirá rios, peixes, gentes e territórios sagrados. O lago mudará para sempre o curso do rio Xingu, que na língua kamaiurá quer dizer água limpa. Esse imenso rio, de mais de dois mil quilômetros, que nasce no Mato Grosso e vai até o Pará, é sinônimo de vida para milhões de pessoas que vivem nas suas margens. Pois ao custo de 25 bilhões de reais, que engordarão as empreiteiras, o governo pretende construir uma obra que equivale a oito Maracanãs. O impacto que a usina vai causar na floresta é a destruição de nove milhões de hectares, equivalente a duas vezes a cidade do Rio de Janeiro. Um gigante de concreto em meio à floresta. Um totem mítico de destruição. As autoridades falam em desenvolvimento. Mas não dizem para quem.

“Enquanto a gente está aqui, fizeram estatuto”

Dentre os mais prejudicados com a obra de Belo Monte estão os povos indígenas. Para eles, a destruição das terras e do Xingu é muito mais do que o fim material do espaço de subsistência. O território é também espaço sagrado, é dos rios e matas que nascem os deuses, as coisas benditas. Com a obra, as máquinas não apenas destroem a natureza, elas invadem o mundo interior. Seria – para dar um exemplo que os católicos entendem – algo assim como uma retroescavadeira derrubar a catedral de Aparecida para ali erguer um shopping. Os arautos do progresso fazem vistas grossas a isso. Que importa meia dúzia de índios diante da grandiosidade da obra? Alguém tem de pagar o preço do desenvolvimento. E que sejam os pobres, como sempre. Ainda que seja preciso burlar a própria lei.

Diz a Constituição brasileira, no artigo231: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.” Ora, então a palavra dos povos indígenas deveria ser ouvida, levada em consideração. Até porque a lei é bem clara, caso haja interesse público da União em fazer uso das terras originalmente ocupadas pelos indígenas, isso só deve acontecer depois de um diálogo com eles. E diálogo pressupõe que os argumentos do outro sejam levados em conta. Não é o que tem acontecido.

Uma pesquisa rápida nos textos e vídeos onde aparece a voz dos povos indígenas sobre a obra, já deixa bem claro que eles são contra a construção da usina aos moldes que está sendo pensada, como uma mega obra.

Diz o cacique Kotoke, vivente no alto Xingu: “Isso aqui acabou o Xingu, né? Esse problema que está sendo feito, tá deixando a gente não trabalhar direito e não dormir direito pensando nisso, no mundo que vamos viver no futuro, se não tiver peixe. Por que vocês estão fazendo isso sem consultar as lideranças? Antes de ser elaborado qualquer documento, tem de ser consultado todo mundo. Eu vou falar aqui diante de todo mundo, das lideranças mais velhas, que já vinham lutando por nossos direitos. Estamos aqui tentando solucionar problema novo.

O branco cada dia mais está querendo colocar as dificuldades para nossa comunidade indígena. Só que ele é outra pessoa. Não fala nossa língua. Ele pode tentar explicar para nós, mas nós não vamos entender. Foi criado um estatuto. Não sei quem criou isso. E enquanto a gente está aqui na aldeia, sem saber de nada do que está acontecendo lá fora, fizeram estatuto. A lei do índio. Isso pegou nós também. Eu acho muito errado se o presidente da Funai fez isso. Ele tinha que ter vindo aqui consultar nós, as 14 etnias. Foi assinado pelo presidente da Funai, pelo presidente Lula. Lula nem chegou aqui para conhecer nós, a gente nem chegou a pegar a mão dele. E vem querer se meter na vida da gente?

“Estamos sendo desrespeitados”

Até mesmo o programa Fantástico, da Globo, ao ouvir a voz indígena, ainda que de forma ritual, numa frase depara com a preocupação: “Tem muitas crianças que quando chegar na idade adulta já vão encontrar o rio seco”

Ao passar cada um dos vídeos que estão disponíveis na internet, pode-se perceber a perplexidade de uma gente que a lei brasileira se acostumou a tutelar. Eles falam da obra estupefatos, como se fosse impossível que o governo não os ouvisse, embora seja centenária a falta de cuidado e a mentira praticada pelo Estado nacional. Ainda assim, mesmo perplexos, eles se dispõe a lutar. “Estamos preparados para o que der e vier. A gente já fez vários movimentos para chamar atenção do governo e a gente não vai recuar. Vai partir pra cima também pra mostrar como é o dia-a-dia das comunidades das áreas indígenas.” Em Altamira, diz uma mulher das comunidades ribeirinhas: “A barragem vem trazer muita destruição pra nós. Aqui tem o milho, o arroz, o feijão, tem o cacau, que é como uma vaca de leite. Todo dia você tira e todo dia tá vindo.” Diz o cacique Onça: “E se o rio secar, o que vão fazer conosco? Sem água, a caça vai embora, não vai ter peixe nem água pra beber” (ver aqui).
No contraponto com a voz indígena aparece a do ministro Edson Lobão, afirmando categoricamente que a obra não vai prejudicar nem os índios nem o meio ambiente. “É de interesses nacional e preserva o meio ambiente.” Quanto cinismo. O ministro diz ainda que as reservas indígenas estão longe de Belo Monte, a mais perto ficando a 31 km. “Existem 2.500 índios para cerca de dois milhões e 500 mil hectares.” Insinua, assim, que é muita terra para pouco índio, mais uma vez desconhecendo o modo de vida e fazendo pouco da forma de organização das comunidades. Belo Monte produzirá 11 mil mega watts, diz o ministro. E isso basta para que milhares de pessoas percam seu mundo (ver aqui).
Enquanto isso, clamam as vozes como a de Sheila Juruna. “Estamos sendo desrespeitados no direito de sermos ouvidos. Nós queremos que todo o povo indígena seja ouvido para colocar nossa opinião contrária, dizer por que não tem viabilidade econômica, e não viabilidade social nenhuma.”
“O nosso mercado é o mato, a água, a terra”
No vídeo Povo do Xingu contra a construção de Belo Monte, as vozes se sucedem. “É minha terra, não é de Lula”, grita uma mulher magrinha, pintada para a guerra. “O que nós queremos? Que a mata, as florestas, a terras, os animais continuem vivos para servir nossa alimentação”, diz Amiloty Kayapó. “Nós temos filhos, netos, crianças e adultos e vivemos na floresta, nossa terra. Precisamos da floresta. Por isso eu, como mulher, estou lutando junto com os homens para impedir a construção da barragem de belo monte. Aqui no parque tem 15 povos. Diminui o volume da água, e a reporodução dos peixes”, diz Iredjo Kayapó.
O cacique Megaron Kayapó resume a dificuldade que enfrentam: “Esse nosso movimento é para mostrar para as pessoas que às vezes não entendem muito nosso costume, como nós vive, de que nós vive. E nós, índio, depende do rio, depende da floresta, depende da terra para poder sobreviver. Na terra, nós planta, na floresta nós caça e no rio tem os peixe que nós pesca pra alimentar nossa família.” Também assim se manifesta o cacique Raoni: “Eu não quero a construção da barragem. Por que? Porque eu quero que o rio continue com vida, igual a nós. Eu quero que peixes, animais e outros seres vivos continuem vivendo em paz.”
Fala o cacique Sadea Juruna: “Se Belo Monte for construído, muitas coisas vão ficar diferentes. O peixe vai desaparecer. O alagamento vai fazer o peixe se espalhar e vai ser difícil. Vai matar tudo o que a gente tem.” Diz Watatakalu Yawalapiti que “o índio não aguenta comer arroz e feijão, refrigerante, todo dia. Ele vive do beiju e do peixe. Minha comunidade vive do peixe. Morreu o Xingu, a gente também morre junto. O rio é nossa vida, é tudo pra nós. Os brancos criaram uma lei que dizia que antes de fazer qualquer coisa em área indígena eles consultariam os indígenas”.
E assim vai! Então, como é possível que essas vozes não sejam levadas em conta? Por que os desejos e o modo de vida destes povos não são respeitados? Por que é tão difícil entender sua lógica? É como diz um destes habitante das matas: “Vocês não usam o mercado? Pois o nosso mercado é o mato, a água, a terra. É com isso que a gente sobrevive.”
Mas, apesar de todas as vozes clamarem contra a obra, ela segue seu curso. O gigante de concreto vai crescer em meio à floresta. Destruindo, devastando, apagando a vida. A menos que o povo unido pare Belo Monte. Mas tem de ser com todos juntos – estudantes, sindicalistas, lutadores sociais. Esta não pode ser uma luta só dos índios ou dos ribeirinhos. Ela tem de ser uma luta de todos. Ou a gente se move, ou o futuro cobrará a fatura. Logo ali na frente…
O choro de Raoni não deve servir para comiseração, mas para ódio, ódio são, contra os vilões.. como já dizia Cruz e Souza!
Artigo originalmente publicado no Observatório da Imprensa.
EcoDebate.

Sacolas plásticas, vamos erradicar essa praga?

Publicado dia - 20/03/2012
O plástico começa a ganhar mercado no pós-Segunda Guerra  Mundial invadiu o planeta em 1862, quando foi inventado pelo inglês Alexander Parkes. No Brasil, a utilização da embalagem plástica ganhou força na década de 70, quando substituiu o saco de papel. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF), apenas no Brasil circulam em média 18 bilhões de sacolas plásticas por ano.
Os sacos plásticos são, sem dúvida, auxiliares de grande importância para as indústrias e para e comércio em todo o mundo. Eles substituíram os sacos de papel as sacolas de tecido retornáveis e carrinhos de feira que eram usados no passado. Trouxeram para a sociedade a praticidade desses utensílios que servem apenas para transportar os objetos que compram e depois serem descartados. E o pior, descartados de forma inconsciente e impactante para o meio ambiente, em uma dimensão hoje insustentável.
Sacolas plásticas são feitas de polietileno, um produto do petróleo. Levam cerca de 500 anos para se decompor. Enquanto isso, acabam flutuando nos oceanos, lagos e rios, obstruindo postos de drenagem de chuva, causando enchentes, enchendo nossos aterros e dificultando a compactação dos detritos. O Mundo consome 1 milhão de sacos plásticos por minuto, o que significa quase 1,5 bilhão por dia e mais de 500 bilhões por ano. Produzimos e usamos atualmente 20 vezes mais plásticos que há 50 anos, pois praticamente em tudo ele é utilizado.
A erradicação do plástico é vital para reduzir os impactos tão nocivos para o meio ambiente. Como não é possível a sua erradicação de uma só vez, podemos começar pelas sacolinhas usados nos comércios. Em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e agora em São Paulo e outras importantes cidades no Brasil já tornaram proibido o uso das sacolinhas plásticas pelo comércio. A proibição, a princípio, gerou alguns incômodos, o que propiciou também a população uma maior reflexão a respeito da crise ambiental que vivemos. Espera-se que os pequenos municípios também tomem a iniciativa mais rápida de aprovar uma Lei que regulamente o uso das sacolinhas. Inhapim já deu o pontapé inicial na microrregião do leste de minas, aprovou uma Lei que deverá ser implantada em breve.
A população muita das vezes não percebe que essa medida restritiva é necessária para mudar o avanço acelerado de degradação do planeta. A nossa contribuição individual é importante para a eficácia das medidas, devemos ter consciência da necessidade de contribuir, mesmo antes da lei, evitando o consumo excessivo de sacolas e o cuidado com o descarte. Porque não usar as sacolas retornáveis imediatamente? A exemplo de inúmeras redes de supermercados no país, que mesmo antes da promulgação das leis, já tiveram iniciativas sustentáveis abolindo as sacolinhas.
Vamos solicitar aos Prefeitos e Vereadores de nossos municípios a regulamentação de lei do uso de sacolas plásticas. Não temos muito tempo. O planeta está doente. Pensem nisso! Para saber mais sobre sacolas plásticas e poluição ambiental causada pelas sacolinhas: http://cesaratorres.blogspot.com.br/2010/10/pesquisadores-tentam-encontrar-meios.html

Repartir para o consumo sustentável


“O padrão de consumo dos ricos tornou cada vez mais grave a crise ambiental no planeta. A saída, portanto, não pode ser a contenção do crescimento da demanda material dos pobres, mas a reversão do modelo de vida dos ricos assentado no consumo ostentatório”, escreve Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, em artigo publicado no jornal Valor, 22-03-2012.
O economista chama a atenção para o risco da “chamada economia verde estar a serviço da ocultação, mais uma vez, da manutenção do quadro geral de dominação imposto pelos países ricos. Isso pode estar ocorrendo justamente quando as economias do norte convivem com inegável esvaziamento de suas posições relativas no mundo”.

Eis o artigo.
As resistências à mudança por parte do sistema econômico dominante terminam por dar maior curso ao aprofundamento da crise ecológica atual. Sem a revisão do padrão de crescimento do consumo material global, prossegue a tendência do desaparecimento da abundância dos recursos naturais e da elevação das emissões de gases nocivos ao meio ambiente, provocando a mudança climática e o aumento da temperatura média da terra.

Das 45 mil espécies atualmente catalogadas, quase 40% encontram-se ameaçadas de extinção. Somente nas últimas três décadas, o planeta perdeu um terço de suas florestas naturais, enquanto a quantidade retida de água por meio de barragens tornou-se três vezes superior à área ocupada por florestas no mundo.
Ao mesmo tempo, a conversão de terras para a exploração econômica desde 1980 tornou-se bem maior que o verificado no acumulado nos séculos XVIII e XIX. Para o crescimento de 53,3% da população mundial entre 1980 e 2010, a área ocupada pela urbanização simplesmente dobrou.

Percebe-se por que a generalização da economia de alto carbono impacta o comportamento da temperatura global, com a elevação radical da concentração de dióxido de carbono na atmosfera. A elevação da renda per capita vem, em geral, acompanhada do aumento da intensidade da emissão de carbono na atmosfera, cuja concentração cresce de 275 partículas por milhão (ppm) antes do ciclo de industrialização para próximo de 400 ppm atualmente. A concentração de gás metano, que girava em torno de 720 a 780 partículas por bilhão (ppb) entre os anos 1.000 e 1.800, passou para 1.750 ppb nos anos 2.000. A consequência direta tem sido o movimento de aquecimento global.

Nesse contexto, os pobres são os que mais sofrem os efeitos da crise ecológica, pois vivem, geralmente, nas áreas de maior poluição e excluídos das condições de vida decente, sem acesso adequado a moradia, saneamento, energia elétrica. Talvez por isso os maiores defensores das teses do limite da produção e, por consequência, a redução do consumo dos outros sejam justamente os ricos.

Na realidade, o modo de vida das classes ricas assenta-se no consumo ostentatório e que degrada consideravelmente a ecologia, esvaziando o futuro das próximas gerações. Isso porque o padrão de consumo ostentatório das camadas ricas da população não resulta da busca ao atendimento das necessidades materiais da existência humana, mas ao interesse de se diferenciar dos demais.

Conforme definiu Thorstein Veblen na passagem do século XX (A Teoria da Classe Ociosa), a rivalidade ostentatória revela o desejo dos ricos de serem reconhecidos como melhores que os outros. E, por conta disso, o consumo ostentatório expressa-se insaciável, gerando necessidades materiais indefinidas e resultando em referência cultural a ser imitada por parte restante da população.
Assim, o padrão de consumo dos ricos tornou cada vez mais grave a crise ambiental no planeta. A saída, portanto, não pode ser a contenção do crescimento da demanda material dos pobres, mas a reversão do modelo de vida dos ricos assentado no consumo ostentatório.

O crescimento da produção permite elevar o nível geral de riqueza, enquanto requisito básico para melhorar a sorte dos pobres. Mas o aumento da riqueza sem a sua redistribuição justa favorece justamente os ricos, impulsionando a prevalência do padrão de consumo ostentatório.

Atualmente, os países ricos representam um quinto da população mundial e detêm 80% da riqueza global. A perspectiva das nações não ricas para enfrentar a crise ecológica global não pode ser a mesma defendida pelos ricos.

Certamente o avanço tecnológico pode contribuir para que o padrão de vida urbano reduza o grau de emissão de gases nocivos à biosfera, bem como altere o conteúdo fortemente material do consumo. Mas cabe indagar a respeito da propriedade dos novos avanços tecnológicos quando cerca de dois terços dos investimentos em tecnologia encontram-se em poder das grandes corporações transnacionais.

Somente 500 grandes corporações transnacionais controlam a metade da produção mundial, em grande medida voltada ao atendimento do padrão de consumo ostentatório dos ricos e arremedado por muitos não ricos. Nesses termos, tem-se o risco de parte da teorização em torno da chamada economia verde estar a serviço da ocultação, mais uma vez, da manutenção do quadro geral de dominação imposto pelos países ricos. Isso pode estar ocorrendo justamente quando as economias do norte convivem com inegável esvaziamento de suas posições relativas no mundo.
Eco debate publicado pela IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Rio+20: Existe um abuso do conceito de ‘sustentabilidade’, entrevista com Gro Harlem Brundtland


O conceito de desenvolvimento sustentável e sua irmã, a sustentabilidade, têm sofrido abusos. Quem diz é a mãe das crianças, a norueguesa Gro Harlem Brundtland. Ex-premiê da Noruega, Brundtland chefiou a comissão que em 1987 produziu o relatório “Nosso Futuro Comum”, onde o conceito foi cunhado. O relatório serviu de base para a Eco-92.

Ela diz que o desenvolvimento sustentável ainda não foi implementado. E que, mesmo com o sequestro da noção de sustentabilidade por empresas que não têm práticas sustentáveis, o termo não deve ser abandonado. Brundtland abre hoje (22) em Manaus o Fórum Mundial de Sustentabilidade. Em entrevista, ela falou de suas expectativas para a Rio+20.

Folha – A senhora cansou do termo “sustentabilidade”?
Gro Brundtland – A expressão é “desenvolvimento sustentável”. Nos últimos dez anos, as pessoas começaram a usar “sustentabilidade” como forma alternativa. Sempre tive cuidado em não usar a palavra “sustentabilidade” sozinha enquanto conceito. Precisamos de sustentabilidade em diversas áreas, mas também precisamos de desenvolvimento sustentável. E não estou de saco cheio disso, porque não aconteceu ainda.

A senhora não acha que houve abuso do conceito? Ele parece ter sido sequestrado por empresas para fazer “greenwash” (dar aparência verde).
Sim. Acho que há mais abuso quando se fala de sustentabilidade. Essa palavra foi introduzida depois, como se entregasse aquilo que o desenvolvimento sustentável significa. Você precisa olhar cada empresa para saber se ela está adotando a sustentabilidade ou a responsabilidade social corporativa. Palavras sempre podem ser mal usadas. Mas você não pode dizer: “Esse conceito foi distorcido, então o deixamos de lado”. Não acho que possamos encontrar uma maneira nova e melhor de descrever do que trataram a nossa comissão e a Rio-92. Não vale a pena reinventar a roda porque alguém tentou roubá-la. Ela vai ser roubada de novo.

Vinte e cinco anos depois do Relatório Brundtland e 20 anos depois da Eco-92, o desenvolvimento sustentável entregou o que prometeu?
A totalidade do conceito, a visão dos pilares econômico, ambiental e social numa abordagem de longo prazo não aconteceu em lugar nenhum. Mas muitas mudanças aconteceram. O Protocolo de Montreal, entre a minha comissão e a Rio-92, é um exemplo. O mundo se livrou das substâncias que afetam a camada de ozônio.

Mas críticos dizem que isso só aconteceu porque já era de interesse das empresas.
Já ouvi isso. Mas a história não é assim tão simples. As pessoas mais progressistas na indústria entenderam que aquilo não podia continuar. Mas, é claro, não houve sucessos globais semelhantes, e os gases de efeito estufa são um exemplo de abordagem ampla e global que envolve todos os setores da economia. Daí a dificuldade de se chegar a um resultado.

O financiamento ao desenvolvimento sustentável pode impedir um acordo no Rio?
Pode ser. Mas, se você se lembrar de Copenhague, mesmo sob pressão da crise houve um compromisso de finanças. Isso pode acontecer novamente no Rio.

Países emergentes reclamam que os ricos já usaram todos os recursos naturais e agora o ônus ficou conosco. Eles têm razão em reclamar?
Essa litania está aí desde a comissão. E no relatório da comissão nós reconhecemos que não podemos dizer ao mundo em desenvolvimento “desculpem, nós já enchemos a lixeira e agora vocês não podem mais jogar o seu lixo”. Precisamos transferir tecnologia, ajudar o mundo em desenvolvimento a superar a pobreza, dando dinheiro. Aí a pergunta é: o mundo desenvolvido fez isso? E a resposta é: não o bastante.

Quais foram os principais avanços nestes 20 anos?
Houve uma mudança considerável no uso de energia. O que você pode ganhar aumentando a eficiência energética está longe de estar realizado.

Existe algum país que possa liderar na economia verde?
A Coreia do Sul fez muitos esforços nessa direção.

Como o Brasil está indo?
Há uma melhora na questão do desmatamento na Amazônia, que pode ser medida. Mas está muito melhor agora do que quando viemos em 1985. Eu me lembro que estive em Manaus com um governador famoso [Gilberto Mestrinho] que achava uma estupidez isso de os ambientalistas virem dizer o que fazer com a Amazônia. Quando estivemos em Cubatão, aquilo era um dos casos mais graves de poluição industrial. Hoje é um exemplo de como as coisas mudam.
Entrevista na Folha de S.Paulo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4461. EcoDebate

Rio+20 não deve resultar em ações concretas para o uso da água, diz presidente do Brasil Pnuma


Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada em junho deste ano na capital fluminense, não deverá resultar em ações concretas que permitam avanços nas políticas globais sobre o uso da água. A declaração é do presidente do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Brasil Pnuma), Haroldo Mattos de Lemos.

Segundo ele, o pré-documento da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Rio+20 aborda apenas “intenções”. Para Lemos, se a Rio+20 não discutir ações mais concretas, será uma “oportunidade perdida” para avançar em temas como o acesso da população à água potável e ao esgotamento sanitário.

“Os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio têm prazo até 2015. É possível que se faça ainda, até 2015, uma outra reunião para definir metas, mas lamento que não tivéssemos tido tempo, ou que os governos preocupados com as crises econômicas que estamos vendo na Europa já há algum tempo e nos Estados Unidos não tenham tido espaço para poder aprovar metas mais concretas [para a Rio+20]”, disse.

Lemos lembrou que um dos Objetivos do Milênio, documento aprovado pela ONU em 2000 que prevê metas para melhorar o mundo no prazo de 15 anos, é reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso à água potável e ao esgotamento sanitário.

“Vários países melhoraram bastante no que diz respeito ao abastecimento de água, mas muitos países não vão alcançar essa meta. E, na parte de esgotamento sanitário, a maioria dos países não vai alcançar essa meta. A meta de esgotamento sanitário não vai ser atingida pelo Brasil. É lamentável porque o saneamento é fundamental para reduzir gastos com saúde. Grande parte das internações hospitalares é provocada por doenças devido à água contaminada e coisas desse tipo”, ressaltou.
Lemos participou ontem (22) de um seminário na Associação Comercial do Rio de Janeiro para comemorar o Dia Mundial da Água. Reportagem de Vitor Abdala, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate.

Rio+20: Brasil terá de fazer a autocrítica ao abordar o tema da conservação de fontes e recursos hídricos


Fonte vital – A preservação dos recursos hídricos será um dos temas de destaque da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro, de 20 a 22 de junho. Como anfitrião do encontro, o Brasil encontra-se em uma posição privilegiada no panorama global. Com cerca de 3% da população mundial, o País detém aproximadamente 13% das reservas de água doce do planeta. Água abundante, predominantemente superficial, que não está congelada em geleiras e é fácil de ser usada.

Esse, no entanto, é apenas o lado “meio cheio” do copo. Na verdade, cerca de 70% dessas reservas estão localizadas na Amazônia, distantes dos grandes centros urbanos onde vive a maior parte da população brasileira. “Nossas reservas são mal distribuídas”, diz o geógrafo Wagner Costa Ribeiro, da USP. “Com isso temos dois grandes problemas: abastecer as grandes metrópoles, que já vivem uma condição crítica em termos de fornecimento de água, e o Semiárido nordestino, que representa 10% do território nacional e é a região mais povoada do mundo com esse tipo de clima.”

E o problema pode se agravar. “Quanto mais a população se urbaniza, quanto mais aumenta a renda, mais aumenta o consumo de água. Isso já é visível em conglomerados urbanos como a região de Campina Grande, na Paraíba, onde vivem cerca de meio milhão de pessoas”, diz.

De fato, o padrão de consumo é um dos pontos-chave para o futuro das reservas hídricas mundiais. “Somos educados para enxergar apenas o consumo doméstico”, afirma Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe-UFRJ. “Ninguém se dá conta de que gastamos 11 mil litros de água para produzir uma calça jeans, três mil litros para produzir uma camiseta, 15 mil litros para produzir um quilo de picanha”, enumera. “Os EUA gastam 400 litros de água por habitante ao dia. O mundo não comporta oito bilhões de pessoas com esse nível de gasto”, diz Canedo.

Diante desse quadro, o Brasil pode ter boas oportunidades no futuro, aponta o especialista. “Com a dificuldade de produção de alimentos, podemos nos tornar um supermercado para o mundo, pois temos água, terra e variedade climática para isso.”

Por outro lado, aponta Canedo, estamos longe de gerenciar bem os recursos hídricos que seriam uma grande vantagem competitiva. “Mais de 50% da população não têm acesso sequer à coleta de esgoto, que dirá ao esgoto tratado”, diz. “Com isso, as fontes próximas ficam inutilizáveis e nossas cidades vão buscar água cada vez mais longe, o que torna o abastecimento cada vez mais caro, além de afetar o fornecimento em outras áreas urbanas, como acontece com São Paulo em relação a Campinas, por exemplo.”

Isso é uma realidade também no Rio de Janeiro, onde 70% do abastecimento provém do sistema do Guandu, interligado à Bacia do Paraíba do Sul. “Isso traz uma certa fragilidade, embora tenhamos uma relativa abundância hídrica no estado”, diz a presidente do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) do Rio, Marilene Ramos. Canedo, por sua vez, aponta um possível conflito futuro entre Rio e São Paulo, no momento em que São Paulo precisar avançar até a Bacia do Paraíba do Sul para buscar água para sua região metropolitana.

Enquanto isso não acontece, os investimentos não podem parar. “Em 2011, demos início a uma Parceria Público-Privada para aumentar a vazão de 10 m3 para 15 m3 por segundo no sistema do Alto Tietê, e neste mês terminaremos a modelagem de nova PPP, para aumentar em 4,7 m3 por segundo a vazão na Bacia de Ribeira do Iguape”, diz o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Edson Giriboni.
As ações da secretaria, explica Giriboni, não se limitam aos investimentos em transposições e obras para aumentar a oferta. “Temos vários projetos no âmbito do Programa Mananciais, como o projeto de recuperação das bacias Guarapiranga e Billings, vamos começar a incentivar programas para o reúso da água nas indústrias e também firmamos um acordo com o banco japonês Jica, para financiar um programa de redução de perdas no sistema da Sabesp “, diz.
Vicente Andreu, diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão que tem como função regular o uso da água bruta nos corpos hídricos de domínio da União e implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, aponta alguns avanços no gerenciamento das águas no país, inspirado no modelo francês, que prevê a criação de comitês gestores por bacias hidrográficas. “O Brasil foi destacado, junto com a África do Sul, como um dos países com a legislação mais moderna para a gestão de recursos hídricos no 6º Fórum Mundial das Águas.”
No entanto, Andreu admite que ainda há um longo caminho a percorrer. E a poluição continua sendo um problema dramático. “Embora o último Atlas de Abastecimento Urbano da ANA aponte que mais de 70% das águas tenham boa qualidade, e 11% tenham ótima qualidade, isso não acontece nas grandes cidades”, explica. “Além disso, começam a surgir problemas de contaminação por agrotóxicos e fertilizantes no Cerrado e de poluição por esgoto e dejetos no Nordeste.”
Entre 2001 e 2011, o Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas, da ANA, investiu R$ 200,82 milhões na instalação de 55 estações de tratamento de esgoto, que custaram R$ 720 milhões. A universalização dos serviços de saneamento, no entanto, continua uma meta distante. “O governo federal vem investindo fortemente, mas o atraso é grande e não vamos cumprir as Metas do Milênio da ONU nessa área”, diz Andreu. Apesar dos esforços, 2011 registrou uma queda de 20% nos investimentos do setor em relação ao ano anterior.
Segundo a própria ANA, seriam necessários R$ 40,8 bilhões de investimentos em coleta e R$ 7 bilhões em tratamento até 2015 para implantar uma rede apenas nos municípios em que o lançamento de esgotos tem potencial para poluir mananciais de captação para o abastecimento público de água. O nó, explica Andreu, não é a falta de recursos, mas de capacidade de aplicação do dinheiro. “Os municípios não têm capacidade para elaborar projetos nessa área”, diz. “Por isso, estamos começando a financiar não apenas obras, mas também a elaboração de projetos.”
Para Giriboni, o País precisa avançar mais rápido nesse campo. “A sociedade e os agentes políticos precisam se conscientizar de que o dinheiro gasto nessa área não é a fundo perdido, ele traz ganhos para a economia, a saúde e o ambiente”, diz o secretário de Saneamento de São Paulo, que defende a desoneração do PIS/Cofins para o setor.
Outro fenômeno negativo apontado por Andreu é o que ele chama de “guerra ambiental” entre estados e municípios, que aliada a estruturas ineficientes de fiscalização, pode aumentar o problema de escassez. “Na pressa de atrair e garantir investimentos, muitos estados e municípios aceleram a concessão de licenças ambientais sem o devido cuidado e os conselhos gestores de recursos hídricos acabam se tornando meros validadores, autorizando o uso em projetos que podem ameaçar o abastecimento de água no futuro”, explica.
Uma solução, defende o diretor-presidente da ANA seria vincular os financiamentos públicos de projetos, à regularização das outorgas para a utilização de água.
Matéria no Valor Econômico, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4461.

Código Florestal sob impasse.


Um ano após apresentar requerimento solicitando a criação de um grupo de trabalho para discutir o projeto do Código Florestal brasileiro, percebo que o tema ainda carece de maior envolvimento da sociedade para compreensão de como deve ser esta nova legislação. Depois de um período de muitas discussões, o texto aprovado na Câmara no primeiro semestre do ano passado mostrou-se desequilibrado do ponto de vista da relação de forças, na medida em que procurou atender exclusivamente às demandas do agronegócio.

O texto produzido pela Câmara foi ruim. O Senado fez correções importantes, apesar de ainda não ser o texto ideal, como pode ser percebido em alguns pontos. É o caso, por exemplo, da permissão para a destruição de manguezais para execução de obras habitacionais e de urbanização assim como a de apicuns e salgados, para a prática de carcinicultura.

De tudo o que tem sido dito, surgem dois cenários. Em um deles, os deputados devem dilatar o processo de discussão e aprofundar os debates sobre o substitutivo do Senado, procurando realizar um melhor exame e reflexão sobre o tema, ouvindo também a sociedade, seus diversos segmentos e a comunidade científica. Com isso, escapa-se das armadilhas da pressão de setores atrasados, portanto, não votando o texto neste momento. Em outro cenário, votamos todos pela aprovação do texto do Senado, que, como disse, tem a virtude de ser uma síntese possível. No panorama político atual, a condição mais aceitável é que se aprove o substitutivo, sem novas alterações, já que o texto baseia-se numa negociação que contou com a participação, inclusive, dos ruralistas.

O perigo que se aproxima diz respeito a manobras para alteração do texto do Senado e a reedição da emenda de plenário 164 da Câmara, integrando-a ao texto do Código. Com sua recolocação, fica institucionalizada a anistia dos desmatadores ambientais, a ocupação de áreas de preservação permanente e também a estadualização do Código Florestal, o que tornaria a legislação suscetível às pressões das oligarquias locais, com estímulo a uma espécie de guerra fiscal às avessas.

Tudo isso configura-se um grande retrocesso para um país que assumiu metas ousadas de diminuição da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera e que tem reduzido o desmatamento das florestas. Como ficará o Brasil, sediando a Rio+20, que será o evento mais importante do mundo sobre desenvolvimento sustentável neste inicio de século, diante da possibilidade de aprovação de uma emenda/lei tão danosa às atuais e futuras gerações?

Não dá para reduzir o Código Florestal brasileiro do século XXI a uma lei de caráter ruralista ou unicamente agrícola. A proteção das florestas e da biodiversidade brasileiras é tema estratégico para o país. O Congresso Nacional tem que buscar o equilíbrio para que o setor produtivo possa continuar se desenvolvendo, sendo um dos responsáveis pelo aumento do Produto Interno Bruto e das exportações; para que a AGRICULTURA FAMILIAR continue sendo responsável por 70% de toda alimentação que chega à mesa dos brasileiros e leve paz e justiça ao campo, e para que o patrimônio biológico do país seja preservado. Isto é plenamente possível. Márcio Macêdo é deputado federal (PT-SE).
Artigo originalmente publicado em O Globo e socializado pelo ClippingMP. EcoDebate.

Debatedores pedem proteção a pequenos rios no novo Código Florestal

Deputados e especialistas em recursos hídricos defenderam nesta quinta-feira (22), Dia Mundial da Água, maior proteção a pequenos rios no novo Código Florestal (PL 1876/99). O fortalecimento da gestão integrada da água no Brasil foi tema de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Na opinião do presidente do colegiado, deputado Sarney Filho (PV-MA), o texto em discussão na Câmara pode ameaçar as bacias hidrográficas. “A proposta atual vai atingir os pequenos córregos, nas propriedades de até quatro módulos fiscais. Não existe rio grande se não existir rio pequeno”, disse.

O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, ressaltou que o debate não deve estar centrado em uma disputa entre ruralistas e ambientalistas, mas, sim, envolver toda a sociedade. “As pessoas da cidade acham que o código não tem nada a ver com eles, porém a legislação é fundamental para a qualidade de vida urbana. Os grandes rios são fruto da contribuição dos pequenos.”


Lei da Copa

Os participantes da audiência também criticaram a votação conjunta da Lei Geral da Copa (PL 2330/11) com o novo Código Florestal. Na quarta-feira (21), parlamentares da base aliada e da oposição favoráveis à votação do código obstruíram a análise da Lei da Copa para cobrar uma data de apreciação do PL 1876/99.


“O debate tem de ser mais profundo. Não dá para fazer uma meia-sola, abrir a discussão só para atender às necessidades ruralistas”, afirmou o deputado Márcio Macêdo (PT-SE), representante da comissão no 6º Fórum Mundial de Águas, realizado neste mês na França. Nesse evento, a delegação brasileira firmou o compromisso de desenvolver políticas públicas de gestão integrada da água.


Rio+20

A coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, sugeriu a votação do código após a Conferência Rio+20, sobre desenvolvimento sustentável, que acontecerá de 13 a 22 de junho. “Deixem o Código Florestal longe da bola da Copa.” Ela pediu que os parlamentares não usem as florestas como “moeda de barganha”.


O presidente da ANA cobrou também um texto mais “ousado” da Rio+20 sobre a gestão dos recursos hídricos. “Precisamos pressionar para que o documento da conferência atenda às demandas gerais e não seja apenas uma reedição de edições passadas”, afirmou. Andreu sugeriu a inclusão de temas como mudanças climáticas e pagamento por serviços ambientais no texto a ser aprovado ao final do encontro.

Reportagem – Tiago Miranda Edição – Marcelo Oliveira

Matéria da Agência Câmara de Notícias, publicada pelo EcoDebate


Saneamento básico ainda não é priorizado no Brasil, constata pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica


Pesquisa divulgada pela Fundação SOS Mata Atlântica, com dados coletados entre janeiro de 2011 e março deste ano em 49 rios de 11 estados brasileiros, mostra que o Brasil nos últimos 20 anos não priorizou o saneamento básico, disse à Agência Brasil a coordenadora do programa Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.

O levantamento, resultante do projeto itinerante A Mata Atlântica É Aqui, constatou que nenhum dos 49 rios analisados alcançou a soma de pontos necessária para os níveis “bom” ou “ótimo”. Dos mananciais pesquisados, 75,5% obtiveram classificação “regular” e 24,5%, o nível “ruim”. “A falta de saneamento básico é que resulta nesses índices tristes para o cenário nacional”.

Os melhores resultados, todos com 33 pontos, portanto dentro da classificação “regular”, foram encontrados nos rios Santa Maria da Vitória, em Vitória (ES); Paraíba do Sul, em Resende (RJ); Camboriú, em Balneário Camboriú (SC); Bica da Marina, em Angra dos Reis (RJ); e Arroio Jupira, em Foz do Iguaçu (PR). Em contrapartida, os piores resultados foram apresentados pelos rios Criciúma, em Criciúma (SC), com 23 pontos, e Itapicuru Mirim, em Jacobina (BA), com 24 pontos.

Malu Ribeiro avaliou que a situação hoje é muito diferente da que ocorria no país antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, a Rio 92. Lembrou que àquela época, o grande vilão das águas era o setor industrial, com seus contaminantes químicos despejados diretamente nos rios. “Vencemos esse desafio. A iniciativa privada foi enquadrada, cumpriu legislação, investiu no tratamento dos efluentes. Quem não cumpriu a tarefa de casa nesses últimos 20 anos foram os municípios”, declarou.

Segundo ela, existe uma deficiência na coleta e no tratamento de esgoto em quase todas as cidades do país. “Os rios são um espelho dessa falta de investimento em saneamento, coleta de lixo”. Mesmo em cidades pequenas, onde a SOS Mata Atlântica imaginava que havia uma boa condição ambiental, encontrou um outro contaminante, que é a erosão com desmatamento e os fertilizantes e insumos agrícolas. “Nós estamos em estado de alerta. A situação é crítica”.

Para a Malu Ribeiro, o problema cultural brasileiro, ligado à teoria da abundância da água, à exceção de locais específicos, impõe a necessidade de uma ação emergencial. Essa tese faz com que a maior parte dos brasileiros considere surreal economizar água e não tenha a preservação como uma de suas principais bandeiras. Outro problema, apontou, é a visão distorcida do que é desenvolvimento, “que vem sendo propagada pelos governantes, que é colocar os mais pobres em um padrão de consumo dos norte-americanos”. Estimou, que se isso vier a ocorrer, “nós vamos precisar de dez planetas. É insustentável”.

A Fundação SOS Mata Atlântica monitora a a situação da qualidade da água dos rios no Brasil desde 1992, quando a organização não governamental (ONG) se engajou na campanha pela despoluição do Rio Tietê. O objetivo é que o cidadão perceba a relação existente entre a água e a floresta, informou. Os níveis de pontuação adotados na pesquisa são compostos pelo Índice de Qualidade da Água (IQA), que é o padrão definido no país por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

A coordenadora do programa esclareceu que a falta de gestão de dados históricos sobre os rios dificulta a sua gestão daqui para frente, porque “tem muito cientista e gestor político no Brasil que não acredita em mudanças climáticas”.
Segundo Malu Ribeiro, o país não tem respostas ágeis para enfrentar os problemas em momentos extremos de seca e de enchentes. Como não existe também a cultura de recompor rapidamente em situações de crise, a tendência é piorar. “Isso dificulta uma ação mais efetiva”. Segundo ela, infelizmente, as coisas no Brasil, no caso da água, tendem a mudar somente pela dor. “Porque vai faltar”.

Foram avaliadas amostras dos rios dos estados do Ceará, Piauí, da Bahia, do Espírito Santo, Rio de Janeiro, de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, do Rio Grande do Sul, Paraná e de Santa Catarina. A pesquisa foi divulgada ontem, Dia Mundial da Água.
Reportagem de Alana Gandra, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate.

Para cada quilo de carne, são necessários 15 mil litros de água, diz FAO


São necessários 1.500 litros de água para gerar um quilo de grãos e dez vezes essa quantidade para produzir um quilo de carne, afirma a FAO, por ocasião das comemorações do Dia Mundial da Água.
Este ano, o tema Água e segurança alimentar reforça a importância da água para a produção alimentar”. Segundo a FAO, para produzir alimentos suficientes para satisfazer as necessidades diárias de uma pessoa são necessários cerca de 3 mil litros de água. A população mundial, hoje em torno de 7 bilhões, deverá chegar a 9 bilhões até 2050.

“Se quisermos alimentar esta crescente população, é fundamental produzir mais alimentos utilizando menos água, reduzir perdas e desperdício e ter uma alimentação mais sustentável”, afirma Alan Bojanic, representante regional da FAO para América Latina e Caribe.

A agricultura utiliza 70% de toda a água disponível, comparado a 20% para a indústria e 10% para uso doméstico. “A água doce é um recurso renovável mas é finito. A população mundial cresce a cada ano e será cada vez mais difícil satisfazer as necessidades de todos se não melhorarmos a eficiência de sua utilização”, explica Bojanic.

Uma região rica em água

A América Latina é uma região rica em recursos hídricos: recebe quase 30% da precipitação mundial e possui uma quantidade de água por habitante muito acima da média do planeta: 28 mil metros cubicos por habitante ao ano.

A distribuição da água na região, no entanto, é muito desigual e sua disponibilidade está sujeita a grandes pressões.

Mudanças climáticas e escassez exigem uso inteligente

A crescente escassez de água em alguma regiões exige uma melhora da eficiência de seu uso para a produção de alimentos, por meio da implementação de técnicas para melhorar a irrigação e manter a umidade dos solos, a retenção e o armazenamento da água.

Com as mudanças climáticas, é necessária uma agricultura “de clima inteligente”, que incremente de modo sustentável a produtividade por meio da adoção de práticas de adaptação e uma melhor gestão dos riscos ambientais na produção de alimentos e na identificação e redução da vulnerabilidade a eventos extremos.
O número crescente de inundações e secas exigem maior atenção sobre a gestão das bacias hidrográficas, devido aos efeitos que os eventos climáticos podem ter sobre a segurança alimentar, levando a escassez de alimentos. Fonte: FAO - EcoDebate

‘Sucesso no combate à fome depende de melhor utilização da água’


Uma mulher caminha para o local de distribuição de água em Tora, norte de Darfur, 2009 (ONU/Olivier Chassot)

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou hoje (22/3) que a produção de alimentos suficientes para alimentar a crescente população mundial exigirá que comunidade internacional assegure o uso sustentável do “recurso finito mais importante” do mundo, a água.

“A menos que melhoremos a nossa capacidade de usar a água na agricultura, praticando-a com sensatez, não conseguiremos acabar com a fome e vamos abrir a porta a uma série de outros problemas, incluindo a seca, a fome e a instabilidade política”, alertou Ban em comunicado lido no início da cerimônia do Dia Mundial da Água 2012, na sede da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em Roma.

Em muitas partes do mundo, a escassez de água está aumentando e as taxas de crescimento na produção agrícola têm diminuído, observou. Ao mesmo tempo, as alterações climáticas agravam os riscos e imprevisibilidades para os agricultores, “especialmente para os agricultores pobres em países de baixo rendimento que são os mais vulneráveis e menos capazes de se adaptar”, afirmou Ban Ki-moon.
Garantir a segurança sustentável dos alimentos e da água para todos exigirá a transferência de tecnologias hídricas apropriadas, a capacitação de pequenos produtores alimentares e a conservação de serviços ambientais essenciais, afirmou o chefe da ONU. Também apelou para políticas que promovam os direitos de água para todos, uma capacidade regulamentar mais forte e a igualdade de gênero.

“A água vai desempenhar um papel central na criação do futuro que queremos”, observou Ban. “Na próxima reunião de Cúpula, a Rio +20, a comunidade internacional terá de fazer a conexão entre a segurança no acesso à água e a segurança alimentar e nutricional no contexto de uma economia verde”.

Todos os anos, no dia 22 de Março, 28 organizações das Nações Unidas celebram o Dia Mundial da Água, como forma de chamar a atenção do público para várias questões relacionadas à água e sobre a necessidade de gerir de forma sustentável os recursos de água doce.

A FAO é a principal agência da ONU para as comemorações do Dia da Água deste ano, que tem como tema “Água e segurança alimentar”. A agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura está realizando uma série de palestras e debates de especialistas internacionais ao longo de todo o dia na sede da agência. (Assista ao evento em http://www.fao.org/webcast/).

Água para o futuro

Durante a sua intervenção, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, afirmou: “Há vinte anos, a primeira reunião de cúpula no Rio destacou a importância vital de uma efetiva gestão da água na construção de um futuro sustentável e com segurança alimentar para o planeta. Apesar de muitos países terem feito grandes progressos na melhoria da sua gestão dos recursos hídricos, é necessário fazer muito mais.”

“Temos de responder às demandas agrícolas de uma maneira que economize a água e outros recursos naturais, o que implica uma intensificação sustentável da agricultura. Ela terá de ser capaz de produzir os alimentos de que o mundo precisa enquanto utiliza a água de forma mais inteligente, bem como uma mudança na nossa forma de comer, reduzindo as perdas, desperdícios e promovendo dietas saudáveis​​”, acrescentou.

De acordo com Graziano da Silva, para isso, é necessário investir nas pessoas, em infraestrutura e na educação e sensibilização, além de incentivos para que os pequenos agricultores adotem melhores práticas – e reforçar a sua capacidade de melhorar a sua produtividade.

Aumentar a resiliência dos agricultores contra as alterações climáticas, melhorar a governança da água e criar instituições para melhorar a gestão das águas nacionais e regionais também são prioridades, afirmou.
“Também é necessário um consumo sustentável, que reduza as perdas, desperdícios e promova dietas sustentáveis”, acrescentou Graziano da Silva, citando estimativas da FAO de que 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçados todos os anos.

Uma redução de 50% nas perdas de alimentos e dos desperdícios em nível mundial pouparia 1.350 km3 de água por ano, segundo a FAO. A precipitação média anual na Espanha, por exemplo, é de 350 km3, a capacidade de armazenamento do lago Nasser no Egito e no Sudão é de cerca de 85 km3 e a água do rio Reno que passa na cidade de Bonn, no período de um ano, é de aproximadamente 60 km3.

Agricultura e segurança da água interligadas

Atualmente, cerca de 1,6 bilhão de pessoas vivem em países ou regiões com escassez absoluta de água e em 2025 dois terços da população mundial poderá viver em condições de ‘estresse’ hídrico.

Uma das principais razões para isso é a necessidade da utilização de água para produção de alimentos. Em média uma pessoa bebe de 2 a 4 litros de água por dia, mas são necessários de 2 mil a 5 mil litros de água para produzir a alimentação diária de uma pessoa. A agricultura é responsável por 70% da utilização de toda a água doce e subterrânea em todo o mundo.

O motivo é claro: regando, os agricultores podem produzir mais alimentos. A agricultura de irrigação é responsável por apenas 20% da área terrestre cultivada do planeta, mas produz 40% dos alimentos.
Fonte: ONU Brasil - EcoDebate.

Água é um dos elementos mais afetados pelas alterações climáticas, diz presidente da ANA


A água é o principal veículo afetado pelas alterações climáticas e o Pacto das Águas – documento firmado no 6º Fórum Mundial das Águas, na semana passada, em Marselha, na França – não tratou da questão devidamente. A declaração é do presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente de Andreu Guillo. Ele participou ontem (22), quando se comemora o Dia Mundial da Água, de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

“O principal veículo afetado pelas alterações climáticas é a água. O documento [Pacto das Águas] precisa tratar dessa questão. A construção de reservatórios, mesmo sendo tema polêmico, minimiza incidentes como alagamentos e garante a ‘reservação’ [da água, no sentido de formação de reservatórios] em períodos de seca. Nós estamos dependendo de que, nesse processo de reforma da organização das Nações Unidas, a água passe a ter também uma verticalidade e não apenas essa transversalidade”, disse.

O presidente da ANA disse que também é necessária a criação de fundos globais para o desenvolvimento de políticas mais igualitárias em todo o mundo. No caso brasileiro, além de questões pontuais, como a qualificação do saneamento dos municípios, ele aponta como fundamental o fortalecimento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

A coordenadora da Rede das Águas, da organização não governamental SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, disse que o debate do capítulo 18 da Agenda 21, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, tratou a água de forma cautelosa. “Se esse modelo proposto for colocado em prática, será o melhor modelo capaz de enfrentar as dificuldades da escassez. Sem sentarmos [à mesa, para discussão do tema] grandes usuários da água, como a agricultura, os municípios e os estados, será impossível fazer uma boa gestão da água”, ressaltou.
Reportagem da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate

Aquecimento global pode fazer plantas florescerem mais cedo


Algumas plantas estão sofrendo como resultado da mudança climática, porque florescem muito mais cedo e depois são apanhadas pelas geadas. | Foto: Manzara

A resposta das plantas à luz do dia foi conhecida décadas atrás. Porém, a maneira como as plantas respondem à temperatura ainda é um mistério. Um estudo publicado na revista Nature encontrou indícios de DNA para solucionar o enigma.

O crescimento e o desenvolvimentodas plantas são fortemente afetados pelas pequenas diferenças de temperatura. A mudança climática atual já alterou a fenologia - fenômenos periódicos dos seres vivos e suas relações com as condições do ambiente, tais como temperatura, luz e umidade - das plantas globais e sua distribuição.

Aumentos de temperatura são um desafio significativo para a agricultura. Apesar do importante papel da temperatura no desenvolvimento da planta, as vias subjacentes são desconhecidas.
Os pesquisadores encontraram um caminho químico geneticamente regulado que influencia as plantas a responderem à temperatura. Esse caminho parece estar programado no gene da planta. Uma resposta conectada ao calor pode ter consequências graves para folhagens em um mundo em aquecimento.

Phil Wigge, biólogo do John Innes Centre no Reino Unido e um dos autores do estudo, explicou que algumas plantas são geneticamente feitas para responder à temperatura, enquanto outras respondem à luz. Sua pesquisa, financiada pelo Governo, conseguiu isolar o gene de controle de temperatura conhecido como PIF4 ou o "gene da Primavera".

“Nossas descobertas explicam a um nível molecular o que observamos em nossos jardins, quando as temperaturas mais quentes da primavera chegam", disseWigge, ao Telegraph.
"Isso também explica por que as plantas estão florescendo mais cedo, como resultado da mudança climática", concluiu o biólogo.

Já alguns organismos estão sofrendo como resultado da mudança climática, porque florescem muito mais cedo e depois são apanhadas pelas geadas. Por outro lado, as plantas que não respondem à temperatura estão sendo superadas por novas espécies que são capazes de aproveitar a estação de crescimento mais longa.

O autor do estudo revelou que ambos os problemas poderiam ser resolvidos pela engenharia genética ou reproduzindo plantas para fazer o gene da primavera mais forte ou mais fraco. As culturas também podem ser projetadas de modo que fiquem mais propensas à floração precoce, ou seja, com mais tempo para construir sementes maiores.

"Conhecer os principais intervenientes nas vias de resposta à temperatura será uma ferramenta valiosa para salvaguardar a segurança alimentar em uma era de mudança climática", disse Wigge.
Se as culturas alimentares importantes reagirem no início da primavera florescendo mais cedo, o grande perigo é que elas podem não ser adaptadas aos padrões climáticos da primavera ou ao comportamento dos polinizadores. Culturas alimentares mal adaptadas podem significar pouca comida.

O próximo passo, após a compreensão do efeito da temperatura sobre as plantas, é fazer com que os agricultores e agrônomos descubram o que fazer com isso quando o planeta ficar mais quente.
Os resultados obtidos no estudo fornecem uma nova compreensão de como as plantas controlam seu tempo de reprodução em resposta à temperatura. A época de florescimento é uma característica importante em culturas, bem como afetam os ciclos de vida de espécies de polinizadores. A compreensão molecular de como a temperatura afeta o florescimento será importante para mitigar os efeitos da mudança climática.  Com informações do TelegraphRedação CicloVivo

18 projetos de energia solar serão viabilizados no Brasil


A Companhia Energética de São Paulo, com um projeto de 13 milhões, colocará painéis solares no Parque Villa-Lobos. Foto: Olhares/ Getulio
Projetos de pesquisa e desenvolvimento de energia solar começam a sair do papel. Só em 2011, 18 propostas foram aprovadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Estes projetos estão avaliados em R$ 400 milhões.

O setor elétrico está impulsionando o mercado da energia limpa. Em breve, novos painéis fotovoltaicos serão instalados em parques e estádios de futebol. As empresas demonstram interesse em tornar viável o uso de energia solar no País ao buscar soluções para reduzir em um terço o preço da energia solar.

As corporações que tiveram seus projetos aprovados deverão instalar painéis fotovoltaicos em diversos locais de São Paulo. O projeto de 13 milhões da Companhia Energética de São Paulo – Cesp, por exemplo, colocará os painéis no Parque Villa-Lobos. Já o projeto de R$ 24 milhões da AES Eletropaulo tornará mais sustentável o futuro estádio Itaquerão. A previsão é de que os testes comecem até o fim de 2012.

Atualmente, o megawatt/hora de origem fotovoltaica custa pelo menos R$ 300. O valor é quase o triplo da energia proveniente de parques eólicos e de usinas hidrelétricas. O valor da energia “limpa” ainda é muito caro e isto se atribui ao fato de o Brasil estar tranquilo quanto à segurança energética do país.

De acordo com o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, a pressão por fontes alternativas é maior na Europa. "Lá, eles dependem de petróleo e gás importados, que têm um impacto econômico grande, ou então do carvão, que é muito poluente".

Além dos 18 projetos apresentados à Aneel, atualmente, há oito projetos sustentáveis em operação no País, proveniente de institutos de pesquisa e grandes grupos nacionais e multinacionais. Entretanto, no total da eletricidade consumida no Brasil estes projetos não têm relevância expressiva. Com informações do Estadão.
Redação CicloVivo

Girassol equipado com placas solares recarrega gadgets


O vaso é uma espécie de central de carregamento, equipada com uma bateria de lítio recarregável, com capacidade de 2500 mAh. l Imagem: Divulgação


O escritório chinês XD Design inovou na criação de dispositivos equipados com tecnologia fotovoltaica. O Girassol Solar é uma flor, capaz de absorver a energia do sol e transformá-la em eletricidade para recarregar gadgets e outros equipamentos eletrônicos.

Apesar do nome, o formato da criação se assemelha realmente a uma margarida. A grande vantagem do dispositivo é a sua universalidade, já que recarrega qualquer item equipado com entrada USB.
A flor possui dez centímetros e está instalada sobre o topo de uma haste com 23 centímetros. O vaso é uma espécie de central de carregamento, equipada com uma bateria de lítio recarregável, com capacidade de 2500 mAh.

Duas luzes indicadoras mostram o status da bateria, que segundo os fabricantes, é capaz de carregar celulares, mp3, tablets, luminárias, entre outras coisas.
O Girassol Solar foi desenhado para ser mantido sobre a mesa, pois além de sua funcionalidade em recarregar os equipamentos eletrônicos e de escritório, ele também pode servir para alegrar o ambiente, fazendo parte das funções de uma flor natural.
O equipamento está à venda pela internet por US$ 78, aproximadamente R$142.

Greenpeace lança campanha pelo desmatamento zero


Manaus é a primeira parada do Rainbow Warrior, mais novo e moderno navio de campanhas do Greenpeace em visita inédita que marca o 20o aniversário da organização no Brasil. l Foto: Greenpeace

Em evento a bordo do navio Rainbow Warrior, em Manaus, a organização ambientalista Greenpeace lançou projeto para coletar 1,4 milhão de assinaturas. O objetivo é levar ao Congresso uma proposta de lei de iniciativa popular para zerar a taxa de desmatamento no Brasil.
“O Brasil devasta muita floresta há muito tempo, sempre em nome do desenvolvimento. Esse modelo, que não fazia sentido no passado, faz menos ainda no presente”, diz Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace no Brasil. “As florestas são parte da identidade do brasileiro. E garantir a sua sobrevivência é garantir nosso bem-estar futuro. Zerar o desmatamento é a forma mais barata e rápida de o Brasil contribuir para a mitigação do aquecimento global.”
A organização lembra que são as matas que regulam os ciclos climáticos, e garantem as chuvas que irrigam e mantêm o vigor da agricultura. “Graças a elas e à sua biodiversidade, que podemos viver num país que é lindo por natureza,” diz em nota.
“Infelizmente, no debate do Código Florestal, os políticos ignoraram os alertas dos cientistas e os anseios da população. Escreveram um texto que vai contra a preservação florestal”, diz Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace. “A lei do Desmatamento Zero é a resposta da sociedade civil a esse atropelo.”
Segundo o Greenpeace, acabar com o corte indiscriminado de árvores não é um sonho impossível. Tampouco impede o desenvolvimento. O Brasil se tornou a sexta economia do mundo, o maior exportador de carne e o segundo maior em grãos. E conseguiu esse feito ao mesmo tempo em que controlava o desmatamento na Amazônia: de um pico de 27 mil quilômetros quadrados em 2004, o índice caiu para cerca de seis mil em 2011.
A ONG ressalta que a lei do Desmatamento Zero não pretende transformar em crime todo corte de árvore. Ela serve para proteger as florestas da derrubada em larga escala e permite o aproveitamento de madeira, desde que feita de forma sustentável, com acompanhamento técnico.
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, sustenta que a aprovação dessa lei colocará o Brasil em uma posição privilegiada. “Há vários países do mundo que pararam de desmatar suas florestas faz mais de um século”, disse. “Há novas potências econômicas surgindo. E, nessa corrida, o Brasil é indiscutivelmente a nação com mais condições de se destacar como a primeira potência econômica e ambiental da história.”
Esta será a primeira vez que o navio Rainbow Warrior visita o Brasil e seu roteiro inclui, além de Manaus, escalas em Belém, Recife, Salvador, Rio – onde participa da Rio+20, em junho – e Santos. Nessas cidades, o navio será aberto para visitação e palco de manifestações públicas e políticas.
Clique aqui para assinar a petição pela lei do Desmatamento Zero.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Novo Código do Desmatamento

Diário das Gerais - 14/03/2012
Criado em 1965, o código florestal regulamenta a exploração da terra no Brasil, baseado no fato de que é bem de interesse comum a população.
Ele estabelece parâmetros e limites para preservar a vegetação nativa e determina o tipo de compensação que deve ser feito por setores que usem matérias-primas, como reflorestamento, assim como as penas para responsáveis por desmate e outros crimes ambientais relacionados. Sendo elaborado por especialistas e técnicos e tendo durado dois anos a sua elaboração.
É unanimidade entre os ambientalistas, ruralistas e cientistas, da necessidade de atualização do código, para atender as novas exigências socioambientais atuais, que com mais de 60 anos de sua implantação, com inúmeras alterações por medidas provisórias, não mais se enquadra à  nossa realidade. Existe uma necessidade urgente de incluir no novo código, incentivos e prêmios, para quem preserva e recupera nossas matas, a exemplo de muitos países que com essa postura conseguem avançar na conscientização.
Boa parte das ONGs ambientais e especialistas na área, afirmam que as terras já exploradas são suficientes para dobrar a produção, desde que se aumente a eficiências das lavouras e faça o manejo correto nas pastagens. Os pecuaristas rebatem essa teoria, uma vez que busca no novo texto, justamente relaxar as exigências do código florestal, que impõe a recuperação das áreas degrada e proíbe a exploração nas encostas e topos de morro.
A aprovação do novo texto dentro das expectativas dos ruralistas, é um acintosa violação do conceito existente de preservação ambiental, um incentivo a ampliação do desmatamento. O Código Florestal apesar do tempo de existência é considerado a melhor legislação ambiental existente entre os países que ainda possuem reservas importantes como o Brasil.
A irretroatividade da lei é outro ponto que acaba favorecendo os que desmataram ilegalmente, ficarão isentos de recompor a área segundo os índices exigidos atualmente. Por exemplo: quem desmatou 50% do seu imóvel na Amazônia quando a lei permitia, não estará mais obrigado a atender as exigências de 80% de área preservada como o código atual exige.
Existem outros pontos como a criação de módulos fiscais para estabelecer limites às ações e benefícios, também estará favorecendo o desmatamento com a inclusão da desobrigação pelos proprietários de recomposição da reserva legal em área de até 4 módulos, somente preservar as existentes. É difícil entender um Congresso Nacional que deveria por todos os meios buscar os interesses da sociedade, considerando que um maior rigor no código somente iria preservar e recuperar o meio ambiente, possibilitando assim uma  vida  mais digna para as futuras gerações ou melhor, garantir a sobrevivência das mesmas.
Mas o que percebemos nesse embate é um Congresso Nacional com parlamentares  totalmente controlado por homens insensíveis e comprometidos com o capital com poucas exceções. A bancada ruralista mostra o seu poder impondo exigências absurdas sob a égide da produção alimentar para atender a demanda, lutam na verdade para terem os benefícios da luxúria e poder que a vida presente pode lhes oferecer sem as responsabilidades socioambientais.
Para melhor entender e conhecer as principais mudanças do novo código e a nossa indignação. Acesse - http://cesaratorres.blogspot.com/2011/12/senado-aprova-novo-codigo-florestal.html.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Mercedes apresenta carro invisível de LED



O efeito é uma combinação das placas com a conexão de uma câmera digital. Foto: Reprodução


A fim de promover o carro sustentável F-Cell, a Mercedes-Benz apresentou uma campanha publicitária inusitada na Alemanha.  A montadora cobriu o automóvel de placas LED deixando-o quase invisível.
O efeito é uma combinação das placas com a conexão de uma câmera digital Canon 5D Mark II, que é ligada a um notebook. Através do aparelho, o ambiente é reproduzido em todo o carro. O LED praticamente camuflou o veículo.
O automóvel possui um sistema de acionamento movido a hidrogênio. Uma célula de combustível produz eletricidade e alimenta o motor elétrico. A mensagem da campanha mostra que como o F-Cell não tem emissões de escape, ele passa despercebido em qualquer lugar.
A primeira versão do F-Cell, de 2002, tinha velocidade máxima de 132 km por hora. O atual “Classe B F-CELL” tem motor mais potente de 134 cavalos. De acordo com a fabricante, a tecnologia está pronta para ser comercializada. No entanto, há especulações de que isso ocorra somente a partir de 2014.
Pelo menos dois motivos explicam a demora, o fato do hidrogênio ser um combustível difícil de armazenar e transportar e o preço elevado dos materiais que criam uma alternativa viável de célula de combustível.
De qualquer maneira, a Mercedes mais uma vez apresenta um conceito inovador de carro ecológico. Soma mais um esforço de ser reconhecido no mercado por produzir veículos com emissões zero e menos impacto no meio ambiente. Com informações do Techtudo e Mashable

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